Não se trata de saudosismo, mas sim de análise sobre o que está acontecendo com a área de RH.
Convivi com a mudança do antigo Departamento Pessoal, departamento responsável pela documentação dos funcionários, folha de pagamento, recolhimentos enfim, era um departamento importante, mas estava mais ligado a disciplina e a parte da legislação trabalhista para a área de Recursos Humanos.
O RH chegou com a missão de cuidar de algo maior do que só a parte legal. Assim, o RH englobaria subsistemas que cuidariam do desenvolvimento dos funcionários, dando maior atenção para as necessidades de treinamentos, benefícios, cargos e salários, recrutamento e seleção com maior qualificação, serviço social, serviço médico, segurança do trabalho, serviços de alimentação, segurança patrimonial, limpeza entre outros.
Era a área com cadeira obrigatória na direção das empresas, pois passou a ser vista como área estratégica e não mais como uma área de custo.
Os chefes de Departamento Pessoal tiveram que se adaptar às novas necessidades e deixaram de ser o “general” que o cargo exigia para passar a ser um administrador e conciliador.
Era uma época de grande movimentação na área devido aos programas que as empresas desenvolviam para manter os funcionários motivados e, com melhoria da qualidade das condições de trabalho.
Também vivenciei o desenvolvimento e o crescimento sindical, com exigências e ações que exigiam dos profissionais de RH bons conhecimentos de negociação e toda legislação envolvida.
As reuniões dos grupos de RH tinham grande participação dos profissionais da área, pois todos estavam ávidos em acompanhar tudo que acontecia nas empresas, além dos programas de RH que tinham mais sucesso e retorno. Também estava atualizados sobre o que estava acontecendo no âmbito trabalhista.
O profissional de RH tinha uma importância relevante nas organizações e contribuía em muito para melhorar os resultados das empresas e dos funcionários. Era tão importante que, em 1976, foi criado o dia do profissional do RH: dia 03 de junho.
Nesta data haviam celebrações aos profissionais da área, onde os grupos faziam confraternizações e, diga-se, com grande participação. Muitas coisas aconteceram nessas últimas décadas. Passamos por várias crises que obrigaram as empresas a tomarem decisões drásticas para se manterem operando.
Vemos muitas empresas que simplesmente acabaram com os programas implantados, os subsistemas de RH foram cortados, e em muitas empresas, o RH voltou a ser o antigo DP, cuidando apenas da parte legal.
Os grupos de RH praticamente acabaram e as poucas reuniões que ainda ocorrem têm grande dificuldade de obter frequência mínima para uma boa discussão.
Claro que as coisas mudaram e as informações estão mais disponíveis. Mas, no momento em que vivemos, com grandes mudanças na legislação, sentimos falta dos RH trocando informações, discutindo entendimentos a aplicabilidade e maior interatividade.
O RH é uma área fantástica, cheia de ações e de trabalho, quem o conhece se apaixona. É amor à primeira vista!
É uma área fundamental para as empresas e deveria ser vista com outros olhos e com mais importância.
Os profissionais de RH precisam ter consciência da importância dessa área, buscar maior envolvimento com o business das empresas, conhecer a legislação pertinente e lutar para maior valorização da área. Não esperemos que os outros a valorizem, nós, profissionais de RH, é que temos que demonstrar a sua relevância através de resultados.
Por Roberto Martins
Diretor da RM Empresarial,
Consultor de RH com vasta carreira na área, ocupando cargos de diretoria e
gestão de RH e empresas de abrangência internacional.