As gerações no Mercado de Trabalho

É fato que o avanço tecnológico em velocidade exponencial mudou a maneira com que nos comunicamos, não apenas uns com os outros, mas também com o mundo e todos os seus componentes.

O conceito de divisão geracional tem sido um tópico cada vez mais debatido dentro do contexto empresarial, principalmente com a chegada da famosa “geração Z” no mercado de trabalho, que veio para revolucionar abordagens estabelecidas nas empresas. Mas você sabe como funciona essa divisão geracional?

Com o conceito importado diretamente de estudos realizados nos Estados Unidos e adaptados para o contexto brasileiro, a divisão geracional surge como uma forma de explicar comportamentos e características de grupos que não são mais determinados apenas pela faixa etária, mas sim pelos anos em que nasceram. Logo, se uma geração viveu seus 20 anos em 1980, suas características e comportamentos como jovens não são os mesmos dos que possuem 20 anos em 2024.

Esse fenômeno se deve a diversos fatores culturais, comportamentais e psicológicos da sociedade, que, com o processo de globalização acelerada e o aumento desenfreado do acesso a novas tecnologias, incluindo a internet, determinou a maneira como cada geração se relacionaria com o mundo e com as relações de trabalho.

Mas quais são essas gerações?

Atualmente, elas estão divididas em cinco:

  • Baby Boomers: Nascidos entre 1946 e 1964
  • Geração X: Nascidos entre 1965 e 1980
  • Millennials ou Geração Y: Nascidos entre 1981 e 1999
  • Geração Z: Nascidos entre 2000 e 2010
  • Geração Alpha: Nascidos a partir de 2010

Cada uma possui suas próprias características devido aos contextos históricos nos quais foram inseridas. Para entender melhor o comportamento de cada uma delas, confira o texto abaixo:

Baby Boomers

Com um nome quase autoexplicativo, os baby boomers são a geração pós-guerra, nascida no “boom” de natalidade após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Essa geração acompanhou todo o processo de substituição do analógico para o digital e presenciou mais mudanças do que qualquer outra.

Com valores mais conservadores, os baby boomers prezam pela reputação e bons costumes. Sendo mais rígidos, seu foco é direcionado à realização pessoal por meio do trabalho e da família.

Geração X

Filhos dos baby boomers, esta geração se caracterizou por uma maior abertura e desprendimento de comportamentos tradicionais. Foi conhecida por sua juventude ousada em relação aos pais, e acredita-se que o "X" tenha sido usado para caracterizar o fato de que esta seria uma geração não definível devido à grande quantidade de mudanças pelas quais estaria passando.

Durante seu crescimento e chegada ao Mercado de Trabalho, essa geração acompanhou diversos acontecimentos históricos determinantes.

No contexto mundial, vivenciaram a Guerra Fria, a Guerra do Vietnã, a chegada dos computadores e o homem conquistando o espaço.

No Brasil, o golpe militar, a censura, crises econômicas, a elaboração da Constituição de 1988 e o movimento Diretas Já, que permitiu o voto direto em eleições presidenciais. Por esses grandes acontecimentos e crises, a geração X apresenta maior resistência a mudanças, preocupação com trabalho e a consolidação de uma carreira.

No trabalho, esses profissionais são autônomos, independentes, apresentam pensamento lógico e contínuo, e tendem a ser competitivos. Em geral, valorizam a longa permanência em cargos em empresas e ocupam posições de liderança e confiança.

Geração Y ou Millennials

Como o nome já menciona, são a geração que cresceu na virada do milênio: comunicativos, inovadores e “cringes”. São a última geração que nasceu e cresceu longe do acesso (quase) ilimitado à tecnologia, porém, tiveram facilidade para se adaptar a ela.

Em geral, são otimistas, questionadores, flexíveis, ansiosos e não dão tanta importância ao casamento e à propriedade privada como seus pais e avós, pois se importam mais em colecionar novas experiências

No ambiente de trabalho, são proativos e caracterizados pelo estilo “workaholic”, que significa trabalhar intensamente de uma maneira “caótica”, com poucas pausas e preocupação com o descanso.

Geração Z

Os nativos digitais cresceram com o desenvolvimento das tecnologias e com a internet, por isso, são altamente conectados em multicanais e podem ser multitarefas.

Essa geração é engajada com causas sociais e ambientais e se preocupa com a própria qualidade de vida. Além disso, são imediatistas, sempre em busca de novidades e rápido crescimento profissional.

Por essas razões, esta geração não vê problemas em "pular" de emprego em emprego até encontrar um que a satisfaça plenamente. Não basta estar empregado; a geração Z procura por benefícios, flexibilidade na jornada de trabalho, inovação e um fit cultural compatível com seus próprios valores.

Devido à maneira como se conectam com o mundo, desenvolvem raciocínios não lineares e, com o avanço exponencial das tecnologias, acredita-se que os empregos para essa geração ainda não foram criados.

Também se observa que, devido a essa hiperexposição à internet, redes sociais e tecnologias, essa geração encontra-se em um processo de afastamento e desconexão, em busca de experiências reais.

Geração Alpha

A primeira geração a nascer em um mundo totalmente conectado. São impacientes, aprendem por diversos canais e, antes de aprenderem a ler, já sabem colocar vídeos no YouTube.

Apesar de ainda serem muito jovens para entrar no Mercado de Trabalho, já apresentam características determinantes, como a forte curiosidade e maior independência. Em alguns anos, eles serão uma parcela significativa do Mercado de Trabalho, por isso podemos esperar uma mudança significativa nas relações trabalhistas, com mais diversidade, respeito e igualdade, uma vez que seus pais, majoritariamente da geração Y, já possuem pensamentos mais desconstruídos e progressistas.

À medida que essas gerações se integram e interagem, o mundo corporativo precisa se adaptar continuamente para acomodar suas diversas necessidades e expectativas. Isso envolve a criação de ambientes de trabalho mais flexíveis, a implementação de tecnologias inovadoras e o reconhecimento da importância de valores como a responsabilidade social e a diversidade.

A interação entre gerações distintas pode gerar desafios, mas também oferece oportunidades para uma colaboração mais dinâmica e inclusiva.

Por Lívia Ventorini